Cientistas da Universidade de Strathclyde, na Escócia, realizaram uma pesquisa e descobriram que pessoas com alta inteligência emocional conseguem identificar com mais facilidade uma notícia falsa, as chamadas fake news. O resultado foi divulgado neste mês de março na plataforma Plos One.
Segundo o estudo, as notícias falsas são criadas para chamar a atenção e serem compartilhadas nas redes sociais rapidamente. Uma das estratégias para alcançar esse objetivo é o uso de uma linguagem emotiva. Os cientistas citam que o emocional da pessoa influencia na tomada de decisões, no julgamento de uma informação e na percepção de risco, o que pode impactar na maneira como recebem uma notícia.
Para realizar o levantamento de dados, foram realizados testes com 87 voluntários, sendo 55 mulheres e 32 homens, com idade entre 17 e 56 anos. Vale lembrar que na Escócia, a maior idade é atingida aos 16 anos e não aos 18 como no Brasil.
Cada um desse grupo recebia várias notícias no formato de uma publicação no Facebook, rede social que ganhou destaque no assunto desinformação após as suspeitas do uso da plataforma para interferir nas eleições presidenciais dos EUA e no plebiscito do Brexit, ambos em 2016.
Cada voluntário tinha que classificar como informação falsa ou verdadeira reportagens sobre temas como saúde, meio ambiente, crimes e desigualdade social, explicar o motivo de sua resposta e preencher um questionário sobre inteligência emocional.
Os pesquisadores da universidade escocesa identificaram, assim, que as pessoas que tiveram uma alta pontuação em inteligência emocional foram mais capazes de reconhecer as notícias que não eram de fonte confiável, que eram superficiais demais ou que usavam uma linguagem mais apelativa para convencer o leitor sobre a sua veracidade.
"As notícias falsas nas mídias sociais agora são uma preocupação pública e governamental. Pesquisas sobre esse tema ainda estão em fase inicial, mas estudos recentes começaram a focar nos fatores psicológicos que podem tornar alguns indivíduos menos suscetíveis a notícias falsas", diz Tony Anderson, professor de psicologia da Universidade de Strathclyde e coautor do estudo.
O estudo encontrou também uma relação entre o grau de escolaridade com a vulnerabilidade ao conteúdo falso. Aqueles que tinham mais instrução conseguiram reconhecer com mais facilidade as notícias que não eram verdadeiras durante os testes.